A história
geralmente é contada pelo ponto de vista do opressor, e não do oprimido. Então por
este ponto de vista vemos a Princesa Isabel como a heroína dessa história, mas
não é bem assim. Vou abordar o tema colocando outro ponto de vista. O Brasil sozinho
recebeu mais escravos do que todos os países da América Latina somados,
estima-se que mais de 1 milhão de escravos aportaram no Brasil. Na época da
abolição existia um movimento antiescravocrata que já tinha bastante força e poderia
levar o governo atual às ruinas. Existia também a resistência dos escravos que
faziam motins e organizavam suas fugas, fatos históricos comprovam isso como a
Revolta dos Malês, a Insurreição do Queimado, e a Revolta dos Alfaiates por
exemplos. Os Quilombos
já estavam bem estruturados e organizados, temos como exemplo o mais famoso de
todos que foi o Quilombo dos Palmares (que dizem que resistiu por cerca de 100
anos, mas as primeiras referências apontam para o ano de 1580), e a população
dos Quilombos também eram um grande ponto de pressão ao governo. Essas
manifestações contra o governo estavam gerando muitos prejuízos com queimas de
engenhos, destruições de fazendas, etc. e o processo de imigração dos europeus
para “trabalhar na terra” aqui no Brasil já havia começado, e o governo
entendeu que seria muito mais barato custear a imigração dos europeus, do que
travar a guerra com os escravos, e, além disso, a “elite branca” tinha
consciência que a maioria da população brasileira era constituída de pretos e
seus descendentes, e a imigração de europeus era uma forma de “branquear” a população. Outro fator
fundamental para a Lei Áurea foi a pressão que a Inglaterra vinha fazendo ao
Brasil, a Inglaterra já industrializada
e precisando vender seus produtos manufaturados não tinha interesse no tráfego
negreiro, nos prejuízos que o governo estava tendo com as revoltas em todo
país, e tinham intenção que os países da África se reestabelecessem para que
fossem consumidores de seus produtos também. Juntando todos
esses fatores a Lei Áurea foi assinada, assim os negros não teriam mais motivos
para suas revoltas e destruições, e o governo estava livre de uma possível
revolução, e ao mesmo tempo cedendo aos intensos pedidos da Inglaterra. Desde então
o negro deixou de ser escravo para virar favelado, morador de rua, etc. pois o
pensamento de desigualdade racial permanece até hoje em nossa sociedade. Uma prova
disso é que o massacre feito na África em todo período da escravidão não é
considerado pela história um genocídio. Então se
existe uma data para comemorar a luta do negro contra a escravidão, esta data é
20 de novembro, o dia da Consciência Negra, dia da morte de Zumbi dos Palmares,
dia da resistência do negro contra a escravidão.
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