IBEJIS & COSME E DAMIÃO
Uma das
raízes da nossa amada Umbanda é a raiz africana, trazida pela presença e
ensinamentos dos nossos Pretos Velhos. Na África,
antes do período da escravidão, não existia a Umbanda nem o Candomblé, ambas as
religiões nasceram em nossa pátria.
Cada região africana cultuava um Orixá,
exemplo:
Oxum –
Região de Ijesa e Ijebu;
Exu –
Regiões de Ile Ife e Ketu;
Xangô –
Região da cidade de Oyo;
Ogum –
Regiões de Ekiti,
Ire e Ondo;
Iemanjá –
Região de Egba.
O culto a vários Orixás em um mesmo ritual nasceu dentro das senzalas
brasileiras. As lendas,
ensinamentos e tradições, os Odus dos cultos africanos, eram transmitidos de
forma oral ao Sacerdote que estava sendo preparado, pois a escrita não fazia
parte da cultura daquele povo. Eles aprendiam algumas histórias primordiais que
relatam fatos do passado que se repetem a cada dia na vida dos homens e
mulheres.
Para os Iorubás antigos, nada é novidade, tudo o que acontece já
teria acontecido antes. Identificar no passado mítico o acontecimento que
ocorre no presente, para eles, é a chave da decifração oracular. E hoje como
é dia de São Cosme e São Damião, sincretizados na Umbanda com Ibeji os Orixás
gêmeos, compartilho com vocês uma dessas antigas lendas.
Os Ibejis enganam a Morte Os Ibejis,
os Orixás gêmeos, viviam para se divertir. Não é por acaso que eram filhos de
Oxum e Xangô.Viviam
tocando uns pequenos tambores mágicos, que ganharam de presente de sua mãe
adotiva, Iemanjá.Nessa mesma época,
a Morte colocou armadilhas em todos os caminhos e começou a comer todos os
humanos que caíam nas suas arapucas.
Homens,
mulheres, velhos ou crianças, ninguém escapava da voracidade de Icu, a Morte. Icu pegava
todos antes de seu tempo de morrer haver chegado. O terror se alastrou entre os
humanos.Sacerdotes,
bruxos, adivinhos, curandeiros, todos se juntaram para pôr um fim à obsessão de
Icu, mas todos foram vencidos. Os humanos continuavam morrendo antes do tempo. Os Ibejis
então, armaram um plano para deter Icu. Um deles foi pela trilha perigosa onde
Icu armara sua mortal armadilha. O outro
seguia o irmão escondido, acompanhando-o à distância por dentro do mato.
O Ibeji que
ia pela trilha ia tocando seu pequeno tambor. Tocava com tanto gosto e maestria
que a Morte ficou maravilhada, não quis que ele morresse e o avisou da
armadilha. Icu se pôs a
dançar inebriadamente, enfeitiçada pelo som do tambor do menino. Quando o irmão
se cansou de tanto tocar, o outro que estava escondido no mato, trocou de lugar
com o irmão, sem que Icu nada percebesse.E assim um
irmão substituía o outro e a música jamais cessava.
E Icu dançava sem fazer
sequer uma pausa. Icu, ainda que estivesse muito cansada, não conseguia parar
de dançar.E o tambor
continuava soando seu ritmo irresistível.Icu já
estava esgotada e pediu ao menino que parasse a música por instantes, para que
ela pudesse descansar. Icu implorava, queria descansar um pouco, Icu já não
agüentava mais dançar seu tétrico bailado. Os Ibejis
então lhe propuseram um pacto. A música pararia, mas a Morte teria que jurar
que retiraria todas as armadilhas. Icu não
tinha escolha, rendeu-se.
E os gêmeos venceram. Foi assim
que os Ibejis salvaram os homens e ganharam fama de muito poderosos, porque
nenhum outro Orixá conseguiu ganhar aquela peleja com a Morte. Os Ibejis são poderosos, mas o que eles gostam mesmo é de brincar. Salve Ibeji!
Salve as Crianças!
Salve São Cosme, São Damião e Doum!
Axé!
Nenhum comentário:
Postar um comentário