quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Como melhorar seu relacionamento com as pessoas através do conhecimento das particularidades dos Orixás.

   



  A Umbanda é uma religião que como muitas outras, prega que estamos aqui (encarnados) para nos aperfeiçoar e para melhorar ou até mesmo saldar certas dívidas com outras pessoas, dividas que nem sempre foram adquiridas nesta vida. Estamos falando de um dos aspectos da lei do Carma, lei que o umbandista acredita e respeita.
Porém, um diferencial em nossa querida religião é que ela nos coloca a oportunidade de nos conhecermos melhor e principalmente conhecer as pessoas que conviver conosco, que ao meu entender, se nesta encarnação estamos em convívio, com estas pessoas é porque foram as mesmas que protagonizaram as historias de nossas vidas passadas. Que oportunidade é esta de aprendermos mais sobre nos e os outros? Resposta: tudo que falamos até agora, conhecer seu Orixá, primeiro os de nossa coroa, porque primeiro precisamos conhecer a nós mesmos, e em seguida conhecer todos os Orixás, para mais facilmente interagirmos com o próximo. Principalmente aqueles de nosso convívio cotidiano ( irmãos, pais, marido, esposa, etc.)

-       O primeiro passo para um fumante deixar o vicio é aceitar e conscientizar que é viciado, portanto, a primeira coisa que devemos fazer para reduzir ao máximo nossos defeitos é ter consciência plena deles, por isso frisamos que conhecendo seu Orixá regente você acessa uma enorme gama de informação a respeito de si mesmo, seus pontos negativos que devem ser minados e seus pontos positivos que devem ser acentuados.
Assim como acessamos essas mesmas informações sobre características das pessoas, não para julgá-las, muito o contrario, para desagradem seu semelhante, que em muitos aspectos não é tão semelhante assim.
“Dê aos outros o tratamento que você gostaria de receber”será mesmo que este velho ditado está correto?
Não é porque você adora quiabo que vai servir esta iguaria aos seus amigos em sua casa, não é mesmo?
Pense nisso, o segredo de um melhor relacionamento pode estar justamente ai, as pessoas diferentes uma das outras, descubra o que lhe agrada e descubra também se isso agrada o outro.

Um relacionamento amoroso acaba, é comum ouvirmos uma das partes dizer:
- Não sei por que meu relacionamento acabou. Eu fui para a outra pessoa exatamente o que esperava que ele fosse para mim.
E foi aí que esta pessoa errou feio.
Você não tem que fazer as coisas com a pessoas amada exatamente como você gostaria que ela fizesse com você e sim fazer exatamente como ela quer que você faça com ela. Claro que nem sempre é possível, mas não custa nada atentar para este pequeno detalhe às vezes tão determinante.

Outros motivos podem levar um relacionamento ao fim, claro, mas respeitar as diferenças entre as pessoas é fundamental, e para isso é preciso conhecer estas diferenças.
Estou casada há 06 anos, sou filha de Ogum e meus esposo é de Xangô, demorou muitos anos deste convívio para que eu entendesse as diferenças provenientes da regência de nossa coroa e só consegui realmente um convívio beirando a perfeição quando comecei a estudar os Orixás.
Descobri então alguns detalhes fundamentais das diferenças entre eu e ele.

Para exemplificar, vamos analisar a seguinte situação que é cotidiana e chega a ser engraçada:
Eu (filha de ogum) peço para que meu esposo (filho de Xangô) ponha o lixo para fora de casa.

A filha de Ogum, conforme determina sua personalidade mais comum, espera que ele coloque o lixo para fora no máximo em dois minutos, sem protelar, caso contrário, ela mesma vai apanhar aquele saco de lixo no terceiro minuto e passar por ele bufando de raiva, provavelmente não falará mais com ele por algumas horas.
Por outro lado, o filho de Xangô, ao ser solicitado para levar o lixo para fora de casa, primeiro vai refletir sobre qual a melhor maneira de segurar o recipiente, por cima ou por baixo? Preciso destrancar a porta, com o lixo das mãos, o lixo já está amarrado e se pingar? Qual o caminho mais seguro? Prevendo sempre um acidente de percurso, e o pior é que ele pode estar pensando em tudo isso sentado no sofá e olhando para televisão, ou mexendo no celular.
Atualmente nos damos muito melhor melhor, pois ambos estão conhecendo essas diferenças e, portanto, hoje ele apanha rapidamente o lixo e sai em disparada para a lixeira do prédio. E eu espero mais alguns minutos antes de fazer eu mesma o serviço que eu pedi, pois estamos aprendendo a respeitar as características pessoais que determinam nosso comportamento.
Base de estudos: “Carma – aquilo que deixamos de fazer”e “Umbanda de Barracão”


Aqui podemos ver um exemplo de relacionamento entre um casal, mas a mesma teoria pode ser aplicada até mesmo nas nossas relações profissionais, no dia-a-dia fora de nossas casas, ou seja, saber qual é o nosso Orixá regente, conhecê-lo e conhecer os outros Orixás e suas características de comportamento, não só ajuda sob o ponto de vista da ritualística, do sagrado, como também revela um verdadeiro “manual de instruções”que nos ensina a viver melhor enquanto durar esta nossa pequena viagem como encarnados.

Axé!!!

terça-feira, 21 de outubro de 2014

"Todo ponto é uma reza"






Todas as vezes que cantamos um ponto, não estamos fazendo nada além de entoar uma oração.

São nos pontos que louvamos, saudamos, devotamos nossa fé e demonstramos nosso amor aos guias e Orixas da Umbanda.

Os pontos são orações em forma de música, que nos transmitem  grandes mensagens, ensinamentos e vibrações enquanto pensamos que estamos apenas chamando um guia ou abrindo e fechando os trabalhos, os pontos não são entoados apenas para as entidades, mas também para transmutar toda a energia presente no local e auxiliando no bom andamento das obrigações, descarregando todos os presentes.

Eles usam muitas vezes de metáforas para nos ensinar as lições da vida, muitas vezes nos emocionam, até nos levam as lágrimas, deixando nossas emoções à flor da pele.

Então, quando ouvir / cantar um ponto / reza faça-o com fé e de coração aberto, pois... 



"TODO PONTO É UMA REZA"


Médium Mayara

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O terreiro é fraco ou O fraco está no terreiro?????



Muitos de nós, irmãos Umbandistas, já ouvimos este termo “O Terreiro é fraco”, mas como podemos categorizar os termos: Fraco e o Forte?

Qual será o parâmetro que utilizamos para esta avaliação? Seria a não realização de sonhos ou desejos?

Antes de responder ao questionamento gostaria de seu acompanhamento nesta linha de raciocínio.

Por que vamos ao terreiro? Muitas podem ser as res-postas, mas vamos pensar de forma simples, vamos ao Terreiro pela Religião, ou seja, “religar” a Deus.

Este é o mínimo, mas para muitos a ida até o terreiro, é para: amarrar, destruir, matar, separar, perturbar alguém, etc. Bom neste momento o sentimento mínimo já se perdeu pelos caminhos, espero que reencontre este sentimento assim que entrar no terreiro.
Infelizmente algumas pessoas quando chegam ao terreiro, continuam com suas ideias negativas e não param nem um segundo para analisar se estão certas ou erradas.

Então é chegada à hora da consulta, e estas pessoas mesmo após as defumações, orações e pedidos do (a) Dirigente para que elevem seus pensamentos a Deus com harmonia e amor, continuam com a ideia fixa, como se não tivessem ouvido estas palavras.

O Consulente com o pensamento negativado se dirige ao encontro da entidade, que lhe dará o aten- dimento, e começa com os seus lamentos e reclama- ções onde todos que lhe rodeiam não prestam e ele (a) é um (a) coitado (a).

A entidade tenta amolecer a mente e o coração deste Consulente através de suas sábias palavras e com o auxílio dos seus elementos de Trabalho, mas como o atendimento é uma Parceria entre o Consulente e o Guia, então o Consulente não permite que esta Luz penetre em seu interior tornando-o uma pessoa “não tão ácida”.

Após as explicações e os pedidos do Consulente o Guia lhe responde positivamente que vai lhe ajudar.

Estão assustados com a resposta do Guia? Por quê?

A ajuda que o Guia vai dar, será pedindo para que Oxalá dê a este irmão as Luzes de: “Oxum pondo Amor no coração, Ogum para cortar a maldade que o cerca, Obaluayê para transmutar seus sentimentos negativos em positivos, Oxossi para o conhecimento a fim de enxergar as vossas Fraquezas interiores”.

Ao término do seu atendimento,esta(e) irmã(o) volta para casa confiante de que seus pedidos, “destruidores”, serão realizados, mas depois de alguns dias nada acontece e o nosso irmãozinho vai até outro Terreiro, com as mesmas intenções.

Outro Guia lhe atende e pergunta:
- O que posso ajudar?
O Consulente repete seus pedidos “destruidores” e ainda complementa que o terreiro onde tinha frequentado era muito Fraco.

Antes de iniciar o seu trabalho o Guia pergunta para o Consulente se ele conseguiria explicar melhor o termo “mui-to Fraco”. O Consulente firmemente responde: Não fui atendido.

O Guia deixa alguns segundos de silêncio e retruca ao Consulente:
- Será que é “Fraco” aquele que pede por ti, para que tenha mais Amor, Luz em sua Mente, mais Evolução e Proteção? Será que é “Fraco” aquele que tenta abrir teus olhos a Luz? Será que é “Fraco” aquele que tenta te colocar mais perto de Deus? Será que é “Fraco” aquele que pede o perdão por ti?

Ou o “Fraco” é aquele que não conseguiu enxergar tudo isso e mesmo assim insiste em caminhar nas trevas de sua própria ignorância, na escuridão de seus caprichos?

Após estes questionamentos o Guia retoma a pergunta ao Consulente:
- O que posso ajudar? O Consulente responde ao Guia com a voz embargada:

- Me dê força e peço perdão pelos meus sentimentos “Fracos” que levei para dentro de outros terreiros.

Por: Danilo Lopes Guedes

Axé!!!

PEQUENAS SUGESTÕES PARA MELHORAR NOSSOS ATENDIMENTOS MEDIÚNICOS!!!



Ter a oportunidade de conversar com uma entidade incorporada em um médium comprometido com a espiritualidade é um privilégio para o consulente, para o médium e até mesmo para o próprio guia. Independente da condição em que nos encontramos todos, sem exceção, estamos em evolução e o que diferencia a evolução de cada um são nossos pensamentos, sentimentos, palavras e ações, enfim, as atitudes e posturas do nosso cotidiano. Quando vamos ao terreiro sempre vamos em busca de algo e muitas vezes esquecemos que esse algo não vai vir de fora, não vai cair do céu.

Com certeza vai depender do nosso merecimento e do nosso trabalho. Outra coisa comum de se esquecer é que nenhuma situação se forma da noite para o dia. São longos períodos sem ação e sem reflexão que exigem persistência e equilíbrio para superação das condições adversas. Dificilmente uma situação que demorou muito tempo para se formar, se resolverá numa única consulta mediúnica.

Dependendo da ótica que você lê esse texto, pode ficar a impressão de passividade e de que sempre estamos errados. Que temos que ter paciência, que temos que ser resignados. Sim, temos que trabalhar tudo isso, mas se você, assim como eu, prefere ter uma atitude mais participativa, mais ativa, podemos pensar em algumas ideias para melhorar nossos atendimentos com os guias espirituais.

Algumas sugestões:
1) Organize seus pensamentos – Antes mesmo de chegar ao terreiro, vá pensando nas suas prioridades. Durante a abertura dos trabalhos concentre-se e reflita sobre o que você almeja e o que realmente você foi fazer lá. Na frente do guia, sabemos que muitas vezes dá o “branco” e nem sabemos direito o que falar, mas se já é difícil pra gente imagina para o guia entender o que passa dentro da nossa cabeça, tendo ainda o médium como intermediário. Não duvido da capacidade da entidade, porém, se podemos facilitar, pra quê complicar? Uma boa consulta não é aquela que demora horas e sim aquela que é objetiva.

2) Carregue somente sua cruz – Estamos sempre pensando nos outros, nos nossos familiares, amigos ou mesmo inimigos. Concentre-se em você. Não, isso não é egoísmo, é um caminho para solução dos problemas, primeiro porque você não interfere no livre arbítrio de terceiros e segundo porque é você quem está lá e não os outros. Sei que pode parecer cruel “deixar de pensar nas pessoas” mas não dá para tirar os outros do buraco se você ainda estiver dentro dele. O máximo que vai acontecer, é os outros subirem sobre você para tentarem sair do buraco. De forma prática, acenda somente suas velas, prepare somente seus banhos, faça somente suas orações e trabalhe seu íntimo. Nem precisa dizer que trocar informações sobre sua consulta com o próximo é tão idiota quanto usar a receita médica de outro paciente para curar a sua doença. Não sejamos hipócritas, se um quinto das pessoas realmente pensasse e agisse em prol do próximo nossa sociedade seria outra.

3) Vista-se adequadamente – Grande parte da população normal usa trajes de acordo com a situação ou ocasião. No matrimônio utilizam-se roupas de casamento, para nadar utilizam-se trajes de banho e é assim para o trabalho, para dormir, para passear no parque ou praticar esportes. Seguindo o mesmo raciocínio seria natural ir ao templo religioso com roupas adequadas para isso, ou seja, claras e sem decotes. Sim, vivemos num país predominantemente tropical e o calor beira ao absurdo, mas nada impede você de levar uma camiseta branca na sua bolsa ou mala e vesti-la instantes antes do atendimento. Não fique preocupado se essa camiseta extra combina com o restante de seu traje, o atendimento é para o espírito e não para a etiqueta da vestimenta. Terreiro não é passarela ou lugar de “azaração”.

4) Não seja curioso – Durante o atendimento procure prestar o máximo de atenção no que está sendo dito para você. Não tente escutar conversas de outras consultas e nem fique olhando para o que acontece do lado, mesmo que seja um descarrego daqueles “bem barulhentos”. Quanto mais atenção você prestar no guia que está falando com você mais rápida e eficiente será sua consulta, você terá menos dúvidas e, de quebra, você não leva pra casa carga dos outros consulentes devido ao merecimento por ser xereta.

5) Se você não puder fazer os banhos, defumações, oferendas e tudo mais, diga logo ao guia. Ele não vai ficar ofendido. Juntos vocês vão buscar outras alternativas viáveis. Agora se você se comprometeu a fazer o que lhe foi proposto então FAÇA e FAÇA DIREITO. Tudo que lhe é passado para fazer em um atendimento, tem um propósito, um objetivo e muito provavelmente tem prazo de validade. Não dá para fazer neste carnaval o que foi pedido na Páscoa do ano passado. Ah, e tem outra… não fazer e falar que fez é tão infantil quanto dizer que estudou pra prova e na hora H ganhar aquele zero. Mais cedo ou mais tarde a verdade aparece e quem sofre as maiores consequências é você e as pessoas que gostam realmente de você.

6) Vibre sempre energias positivas – O número da sua ficha de atendimento é 80 e ainda estão chamando o número 10? Parabéns! Isso significa que você terá mais tempo para refletir e pensar em como melhorar sua vida rezando num templo religioso! Reclamar, ficar levantando para fazer nada, cochichar e falar sobre futilidades é um grande favor que você faz ao baixo astral. Sim, toda energia trabalhada tem que fluir para algum lugar e graças à lei da afinidade você pode entrar no terreiro com um probleminha e sair com 80 novos problemões. Seja esperto, vibre sempre energias positivas, em silêncio e no seu quadrado.

7) Sua consulta terminou? Vá embora – Encontros sociais, conversas com parentes, discussões sobre política, religião e futebol ou mesmo matar saudade de conhecidos, são coisas para serem feitas em lugares mais apropriados como uma lanchonete, um churrasco de domingo ou mesmo lá na padaria ou no café do supermercado 24 horas. O baixo astral é persistente e age sempre na sutileza, portanto, quanto menos brechas você der melhor será pra você e para os guias que se esforçaram bastante para buscar soluções no seu atendimento. Faça por merecer!
Procure saber mais a respeito – Há quanto tempo você é assistido num terreiro? Muito? Parabéns de novo! Ou você está com medo de responsabilidade ou então está acomodado demais esperando os “banhos da semana”. Procure cursos, participe dos grupos de estudos, leia um bom livro, vá estudar! Entendendo mais sobre o assunto aumentam as chances de você fazer mais e melhor. Os problemas não vão acabar mas quanto mais desafios você superar nesta vida mais pleno ficará seu espírito e maior será sua contribuição para a evolução dos seres.

8) Contribua materialmente com seu terreiro – Todo terreiro usa velas, pembas, ervas e artigos de charutaria. Todo estabelecimento consome água e utiliza energia elétrica. Todo local com muita gente precisa ser limpo também na matéria e para isso são utilizados vassouras, panos e produtos de limpeza. O trabalho espiritual acontece num local físico que precisa ser mantido em ordem para a boa continuidade dos trabalhos. Converse com os responsáveis pelo seu terreiro e veja como você pode contribuir mesmo que esporadicamente. Ao ver uma caixa de doações não finja que não viu. Não importa o valor e sim sua boa vontade e compreensão de que o trabalho espiritual é grandioso e deve alcançar seu irmão, o seu próximo.

9) Não visite – Se você está procurando um terreiro por curiosidade, pra ver como é ou pra ver “se é bom”, por favor, não perca seu tempo. O trabalho espiritual é voltado para quem realmente precisa, tem fé, acredita, trabalha, tem paciência e a compreensão de que tudo que acontece na vida é por puro merecimento. Quer resultados rápidos, amarrações e garantias? Procure por telefones nos postes da sua cidade, com certeza tem alguém vendendo o que você procura … só não vá falar que isso é Umbanda ou trabalho religioso porque respeito é o mínimo que um ser humano deve ter.

10) Confie em você mesmo e tenha fé – ninguém é obrigado a ficar em um terreiro onde não se sinta bem, mas ficar indo em vários terreiros ao mesmo tempo é igual a iniciar o tratamento de uma doença em diversos médicos simultaneamente: além de gastar tempo e dinheiro seu corpo sofre com medicamentos diferentes. Terreiro não é hotel cuja classificação se faz por estrelas. É preciso ter fé, acreditar, ser racional e paciente, portanto confie na sua escolha, analise e seja crítico consigo mesmo para não perder o seu tempo, o tempo dos médiuns e o tempo dos guias. Ir em 7 terreiros diferentes na mesma semana significa que você, no mínimo, ocupou o lugar de outros 6 irmãos que precisam de consulta. Não seja egoísta.

Precisamos sair da passividade e assumir uma postura mais centrada e inteligente para fazer da nossa Umbanda uma religião de respeito. Clareza e verdade é bom pra todo mundo e disciplina, ao contrário do que muita gente pensa, não é escravidão, é liberdade!

Axé


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Iansã do Balè




Eparrei Iansã!!!
Gbale ou Igbalé ou Balé (aquela que retorna a terra):

É a Deusa dos mortos. É Ligada diretamente ao culto de Egun, por isso é a senhora dos cemitérios. Tem pleno domínio sobre os mortos, trazendo consigo uma falange de Egun que ela controla, pois todos temem seu poder. O culto a Egun nasceu nas mãos de igbalé quando ela fora buscar uma substancia que permitia a Xangô soltar fogo pelas narinas. Oyá ficou sabendo que o povo Tapa iria invadir a cidade de Baribas, então forrou na beira de um rio um pedaço de pano vermelho, colocou algumas cabaças, evocou os mortos e aquele pano tomou vida e saiu voando na direção dos inimigos, colocando-os para correrem apavorados.

É uma qualidade de Iansã que tem caminhos fortes com eguns, ela é a única que dança com eles, seu lugar é o cemitério a rainha dos espíritos dos mortos, a condutora dos eguns. Iansã Balé ou das Almas, que é muito solicitada e muito conhecida porque atua preferencialmente sobre os espíritos que desvirtuam os princípios da Lei que dão sustentação à vida. E como vida é Geração e Omolu atua no pólo negativo (Cósmico) da Linha da Geração, então Yansã Balè envia aos domínios de Omolú todos os espíritos que atentaram contra a vida de seus semelhantes ao desvirtuarem os princípios da Lei e da Justiça Divina.

Uma das formas de identificação, desta qualidade de Iansã é o movimento das mãos, que esticam os braços para frente e os movimentam para cima e para baixo, normalmente as Iansãs elevam as suas mãos, as balançando e fazendo os movimentos circulares.

Devido a sua ligação com Egun é proibido vesti-la de vermelho, sua vestimenta é branca.

Que Iansã limpe os Eguns de nossas vidas, nos trazendo o seu Axé a sua força e vitalidade para os nossos caminhos.

Eparrei Iansã!!

Axé

Isso é a Lei e assim é EXU!




Exu é ativador de nossos merecimentos. É o que propicia nossas vitórias e nossas derrotas, pois nem sempre sabemos lidar com a vaidade, o ego, o egoísmo e a soberbia que aflora de forma acentuada quando se conquista algo ou alguém. Exu é quem abre nossos caminhos, mas também fecha, tranca e acorrenta nossa vida quando nos encontramos desequilibrados e viciados numa maldade e numa possessão sem fim. Isso é a Lei e assim é EXU!
Exu é a força que atua sobre o negativo de qualquer pessoa tentando equilibrar essa ação. É aquele que faz o erro virar acerto e o acerto virar o erro. É aquele que escreve reto em linhas tortas, escreve torto em linhas retas e escreve torto em linhas tortas.
Mesmo nos momentos em que nos vemos no meio do caos, Exu sabe fazer com que a ordem prevaleça. Exu não gosta de displicência e de injustiça, não aceita nada mais e nada menos do que lhe é de direito e de dever.

EXU VINGA-SE POR CAUSA DE EBÓ FEITO COM DISPLICÊNCIA

Alumã era um lavrador que precisava de chuvas, pois seus campos estavam secos e a plantação toda ia se perder. Alumã ofereceu um ebó para Exu mandar chuva. Ofereceu a Exu pedaços de carne de bode.
Como a comida estava muito apimentada, Exu ficou com muita sede.
Exu procurava água para matar a sede implacável, mas água não havia, estava tudo seco no lugar. Exu então abriu a torneira da chuva. Ela jorrou como nunca, fazendo com que o povo se regozijasse com Alumã. As colheitas estavam salvas!
Mas a chuva não cessou.
Alumã percebeu dias depois que já bastava de chuva. Já chovera em excesso e as colheitas corriam perigo, agora era água em demasia; uma inundação.
Alumã tornou a oferecer a Exu carne de bode, mas agora cuidou que a pimenta estivesse no ponto certo. Exu aceitou o ebó e estancou a chuva. Exu é justo, cantou Alumã.


Reginaldo Prandi do livro “Mitologia dos Orixás”



  • Exus do Cemitério – normalmente têm a regência de Omulu, são quietos, de pouca fala e reservados. São exigentes e trabalham muito nos descarregos fortes, desmanches de demandas antigas e conscientização da vida humana.
  • Exus da Encruzilhada – normalmente têm a regência de Ogum. Não são tão quietos como os de cemitério, mas são extremamente valentes, exigentes e duros. Trabalham muito na abertura de caminhos, na quebra de demanda e em situações que precisam urgentemente de mudança.
  • Exus da Estrada /rua – normalmente têm a regência de Oxóssi. São mais falantes, brincalhões e risonhos, no entanto exigem a verdade de seus fieis conhecendo a intenção de uma palavra e de um pedido mesmo que eles estejam em pensamento.

Exu não faz, não participa e não orienta nenhum tipo de magia negativa, Exu é Mago Realizador por excelência, e conhece absolutamente tudo sobre magia. No entanto, conhece também a Lei Divina e a cumpre com perfeição a cada momento. Magia negativa é ação do homem que deseja mais do que pode, deve e merece. Exu dá e faz somente aquilo que for de merecimento e de necessidade para o Ser, segundo a Lei Divina.
EXU, palavra iorubá (Èsù) pode ser traduzida como “esfera” representando o infinito, o que não tem começo nem fim e que está em todos os lugares, no Tudo e no Nada.
Ele é o “mensageiro”, recebe e leva os pedidos e as oferendas dos seres humanos ao Orum, o céu. É o Senhor dos caminhos, das encruzilhadas, da entrada e da saída. É o movimento inicial e dinâmico que leva à propulsão, ao crescimento e à multiplicação.
São espíritos iluminados que, de forma muito peculiar, conhecem nosso íntimo e nossa conduta muito mais que nós mesmos.
Seu dia da semana é Segunda feira dia propício para magias e rituais que invoquem paz, fertilidade, harmonia e meditação. De energia lunar o dia favorece novos começos e confere poder.
Suas contas são pretas (neutraliza/absorve) e vermelhas (ativa/irradia), reafirmando a energia da contradição de Exu.
Algumas representações são: 
FALO – representa a fertilidade da vida, o poder sexual, reprodutivo e gerativo. Nas “religiões da natureza”, o sexo é um ato sagrado. E se ele é sagrado, seus frutos também são. A noção de pecado original seria uma aberração nesse sistema religioso; além disso, um dos ideais do estilo de vida iorubano era ter uma família numerosa e, portanto, o culto a Exu fazia-se essencial; 
TRIDENTE – tradicionalmente divino para várias culturas e deuses como, por exemplo, Netuno, Posseidon, Shiva. Tridente representa a trindade; o alto, o meio e o embaixo; Céu, Mar e Terra; Luz, sombra e trevas; 
CHIFRE – Representa fertilidade, vitalidade, sabedoria e a ligação com as energias do Cosmo. Símbolo de realeza, divindade, fartura, honra e respeito, muitos Deuses antigos como Cornífero, Baco, Pã, Dionísio e Quiron foram representados com chifres que também eram usados pelo homem que saía em busca de caça e que ao retornar à sua tribo colocava os chifres do animal capturado com a finalidade de mostrar a todos que ele venceu os obstáculos. Há dois tipos de chifres: Chifre de boi – voltado para cima, está ligado ao poder da Lua, da noite com sua fertilidade; atribuído à energia do feminino. Chifre de carneiro – geralmente recurvado e que está ligado ao poder do Sol criador da vida; atribuído à energia do masculino; 
OGÓ – bastão com cabaças de Exu que representa o falo. Espécie de cetro mágico com que ele se transporta aos lugares mais longínquos. Do ioruba ògo significa “porrete usado para defesa pessoal”; 
ENCRUZILHADA – cruzamento vibratório que representa a dualidade, a escolha, as possibilidades e o livre arbítrio.
E para encerrar e ainda completar o pensamento de sobre encruzilhada, segue uma mensagem do Sr. Exu Caveira para refletir e despertar um novo futuro, um novo fim e, quem sabe, um novo começo.

Saravá os Exús!!

Exú é Mojubá

Axé

Linha de Baianos - Parte 2


A Linha dos Baianos da Umbanda engloba espíritos de antigos Sacerdotes da Bahia e de outras regiões, tendo a Regência direta do Orixá Yansã e Ogum. Também tem uma ligação com os Orixás Oxalá e Oyá-Tempo, já que seu Arquétipo (Sacerdotes) diz respeito a questões da Fé e da Religiosidade.
Esta Linha foi criada justamente para homenagear os antigos Pais e Mães no Santo da Bahia, que foram os primeiros a trabalhar, e muito, para a preservação e a divulgação do culto aos Orixás em nosso país e enfrentando, à época, toda sorte de dificuldades e preconceitos.  
A Linha engloba espíritos voltados para a missão sacerdotal ligados não são à Bahia, mas a todo o Nordeste do nosso país. Muitos viveram ou passaram parte de sua vida em Estados dessa região, em contato com os Mestres do Catimbó e da Pajelança.
Manifestam-se de forma alegre e movimentada e gostam de uma boa conversa. São firmes, parecem “feitos de fé”. E não se cansam de louvar “o Senhor do Bonfim”...
O Povo Baiano vem ao Terreiro para nos trazer seu axé, sua energia positiva, e têm muito a nos ensinar, sempre com uma resposta certeira e rápida para as nossas dúvidas e questionamentos.
Na sua forma de trabalhar, trazem muito das Qualidades de Mãe Yansã: são bastante ativos, movimentadores, irrequietos, despachados e descontraídos. Sua dança tem movimentos característicos, com gingados, “pisadas” e giros que dissolvem as energias densas acumuladas no ambiente e nas pessoas.
Também são bons orientadores e doutrinadores, porque a missão sacerdotal do seu Arquétipo tem ligação com Pai Oxalá e Mãe Oyá-Tempo (Fé e Religiosidade). Sabem ouvir, dar bons conselhos e levantar o ânimo dos entristecidos. Neste caso, conversam bastante, falando baixo e mansamente, transmitindo conforto e segurança ao consulente. São consoladores por natureza.
Os Baianos nos contagiam com suas energias de alegria e de firmeza e nos ensinam a perseverar diante dos obstáculos, através da sua magia peculiar e das suas brincadeiras sadias. Médiuns introspectivos, quando incorporados de seu Baiano (ou Baiana) acabam se libertando e demonstrando alegria e descontração.
E todos nós podemos aprender com os Baianos. Seu magnetismo é forte. São “decididos” ao ponto de nos fazer sentir mais leves e animados. O que nos leva a tomar um novo rumo na vida e a obter conquistas espirituais e materiais.
Os Baianos nos ensinam muitas coisas. Seu magnetismo, entre outras coisas, estimula cada pessoa a não estagnar diante dos problemas, a não lastimar, mas agradecer pela vida e ir em frente; a confiar em si e na Providência Divina e montar um plano de ação para começar a resolver pendências; a cuidar bem de si mesmo, manter bons sentimentos e pensamentos firmes, através de orações, banhos, rezas etc. (reza de Baiano é infalível!...); não olhar só “pro umbigo”, ou seja, fazer alguma coisa em benefício dos mais necessitados, e lembrando que a maior ajuda é saber ouvir com respeito, dar uma boa palavra, fazer uma oração na intenção do necessitado; etc.
Por outro lado, os Baianos admiram a disciplina e a organização dos trabalhos. Sabem “dar disciplina” de forma direta, quando preciso, até porque a Linha tem a Regência de Mãe Yansã. São poderosos aliados da Umbanda e nos ajudarão em tudo o que for permitido pela Lei Divina. Mas desde que a pessoa não tenha má índole. Porque Baiano “não tem osso na língua” e diz o que tem a dizer, quer a gente goste ou não. Seu objetivo é nos ajudar a manter uma conduta reta na vida, para que a Lei e a Justiça Divinas nos amparem. Baiano é alegre, Baiano brinca. Mas também sabe falar sério, e nessas horas não corta caminho, vai direto ao ponto...
Bons conhecedores da Magia, eles atuam fortemente na quebra de magias negativas, na desobsessão e na limpeza energética.
Suas oferendas podem ser feitas ao pé de um coqueiro ou palmeira, ou então no ponto de força do Orixá que os rege mais especificamente.
Preferem os colares feitos de pedaços de coco seco e/ou de coquinhos e/ou de sementes (olho de boi, olho de cabra). Alguns intercalam búzios, pedras e mesmo contas de porcelana ou de cristal.

Origens da Linha dos Baianos 
No Astral se organizaram, pouco a pouco, as Linhas de Trabalho Espiritual da Umbanda, a partir dos arquétipos do povo brasileiro. A de Caboclo homenageava o guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza, corajoso; a de Preto Velho destacava a sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da Mãe África; a das Crianças nos remetia à pureza infantil e à necessidade de despertá-la em nosso íntimo, bem como à valorização da infância e dos seus cuidados.  
Novas Linhas foram se apresentando gradualmente, inclusive respondendo às mais novas e crescentes necessidades do nosso meio, já que toda essa estrutura de Trabalho Espiritual da Umbanda está voltada para a evolução da nossa humanidade e dos seres afins com a nossa realidade. Os Regentes Planetários fizeram por acompanhar as mudanças do nosso meio social e atender às necessidades humanas e, principalmente, humanitárias que delas emergiam. E não poderia ser de outra forma, pois a Umbanda é uma religião BRASILEIRA e reflete os valores culturais e religiosos do nosso povo. 
Assim, a cada Gira de Umbanda manifestam-se as diferentes qualidades, habilidades e saberes ancestrais desse nosso povo multicultural.  
A Linha dos Baianos, também chamada “Povo da Bahia”, traz uma referência ao início da descoberta do país, à colonização e às origens de um povo que é “a cara do Brasil”. A Bahia e seu povo sintetizam o grande “caldeirão” de diversidades que é o Brasil, seja quanto às origens dos povos que aqui vivem e convivem pacificamente, seja quanto aos seus valores culturais e religiosos etc. Com efeito, o povo baiano é fraterno, universalista, devoto, fervoroso, persistente, alegre, festeiro, cheio de ginga, de ritmo e magia. E a Linha reflete tudo isso. 
De maneira organizada, como uma Linha de Trabalho efetiva, os Baianos surgem a partir da década de 50, com a industrialização dos grandes centros, e especialmente em São Paulo. Isto se intensifica na década de 60, com a maior onda de migrações provenientes da grande seca que acometeu o Nordeste brasileiro.  
Nas décadas de 50 e 60, ao mesmo tempo em que a Umbanda se firmava em São Paulo, crescia o fluxo migratório do Nordeste, que acabou por transformar a cidade numa das maiores metrópoles do mundo. Nesse grande fluxo destacaram-se os Nordestinos que vieram para trabalhar na construção civil e na indústria automobilística, então em franca expansão. 
Popularmente, na cidade de São Paulo o Nordestino sempre foi associado ao trabalho duro, à pobreza e ao analfabetismo, restando-lhe os bairros mais periféricos e as regiões mais precárias para morar. Com todos os problemas decorrentes do exagerado crescimento populacional, sempre se buscou um “culpado”; e todos se voltaram contra o “intruso”, o “ignorante” Nordestino. Todo Nordestino passou a ser chamado de “baiano”, mas com um caráter discriminatório terrível, pejorativo e negativo. 
No entanto, nos Terreiros de Umbanda paulistas a Linha dos Baianos conseguiu alcançar grande popularidade. A Umbanda sempre se caracterizou por abrigar espíritos de diversas correntes, de modo que essas Entidades “Nordestinas” foram sempre muito bem acolhidas. O caráter de luta e irreverência do Nordestino migrante parece ter sido o fator mais importante para sua aceitação dentro dos Terreiros. 
Num primeiro momento talvez, os consulentes de origem Nordestina foram os que mais se identificaram com o jeito despojado e alegre desses Espíritos “conterrâneos”. Pouco a pouco, pessoas de todas as origens se deixaram envolver pelo carisma e o magnetismo dessas Entidades.  
A Linha dos Baianos se manifesta desta forma justamente para ter um canal de aproximação, uma ponte de contato conosco, remetendo nosso pensamento a um arquétipo: o de um povo cujas lutas, sofrimentos e superações nós bem conhecemos e admiramos.  
Desta forma os Baianos nos conquistam, desarmam nossas defesas emocionais e mentais, sintonizam fraternamente conosco e então conseguem auxiliar a nossa evolução espiritual e material, empregando seu cabedal de conhecimentos e elevação.  
Durante muitos anos a Linha dos Baianos foi meio que renegada, seus trabalhos eram vistos com restrições. Dizia-se que era “inexistente”, não estava ligada às Linhas principais (Caboclo, Preto-Velho, Criança) e que só espíritos zombeteiros e mistificadores estariam ali. 
Aos poucos, porém, os Baianos foram chegando e tomando conta do espaço que o Astral lhes concedeu, e que souberam aproveitar de forma exemplar. Hoje, são trabalhadores incansáveis e respeitados.  
É cada vez maior o número de Baianos que se manifestam nos Terreiros de Umbanda, onde atuam sob o amparo das Sete Irradiações Divinas, para movimentar, direcionar e reordenar os campos da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração. Por isso encontramos Baianos (e Baianas) de todos os Orixás. Têm, ainda, um trânsito muito bom pelos caminhos de Exu, podendo trabalhar na Esquerda no momento em que isto se torne necessário.  
Vale lembrar que nem todos os Baianos que se manifestam na Umbanda realmente o foram em encarnações passadas. Como ocorre em todas as Linhas de Trabalho da Umbanda, esses espíritos agruparam-se por afinidades energéticas e especialidades de atuação, mas dentre eles há múltiplas origens. 
Há, no entanto, os que ainda não aceitam a Linha dos Baianos como vertente Umbandista; esquecendo-se, talvez, de que a Bahia foi “o celeiro dos Orixás”, uma terra de espiritualidade e magia. O povo baiano é sincrético e ecumênico por excelência.  
No Nordeste, e especialmente na Bahia, prevaleceu a influência dos povos Nagôs, de língua Iorubá, sobre todos os outros grupos de Povos Africanos que para cá vieram, ao tempo da escravidão. E justamente os Nagôs cultuavam Orixás, ali nos deixando esta herança. Com o tempo, e por força da convivência das várias Nações Africanas, nasce o Candomblé, uma religião afro-brasileira. A Bahia cultua os Orixás, mas também reverencia o Senhor do Bonfim e os Santos católicos, pois no coração desse povo há mansidão, devoção e abertura para a Espiritualidade. E a Umbanda, que nasceu depois e já como religião brasileira, bebeu dessa fonte, além de receber influências indígenas, européias, do Catolicismo e do Espiritismo. 
Mas é na Bahia ―e só na Bahia, onde mais?― que todo ano se faz um cortejo de baianas e de devotos do Candomblé e da Umbanda, lado a lado com fiéis católicos e de outras crenças e religiões, para lavar com água de cheiro a escadaria da Igreja do Senhor do Bonfim, de forma delicada e amorosa, degrau por degrau. Todos se unem para pedir bênçãos e agradecer. Quem já viu, sabe que não há palavras que traduzam isto...    Nada mais natural que a Bahia, seus valorosos Pais e Mães no Santo e seu povo tenham sido escolhidos para essa homenagem!...  
Não podemos nos esquecer do caráter Universalista da Umbanda, que em suas fileiras recebe e abraça a todos os espíritos que desejam praticar o Bem, independente das suas “origens” e da forma como se apresentam.  
As palavras do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas, ao fundar a religião no plano Terra, foram justamente no sentido de que na Umbanda os espíritos mais sábios nos ensinariam; os menos esclarecidos seriam orientados; e a ninguém seria negada uma oportunidade de manifestação, de trabalho, ou de aprendizado.  
Quando um Baiano (ou Baiana) incorpora num médium e ouve, aconselha e direciona o consulente em sofrimento, ele está fazendo mais do que isto. Está mostrando que cada Povo tem seu valor, sua bagagem moral e cultural, seus valores religiosos e a “sua” maneira de fazer o Bem e que todos podem contribuir para o progresso comum. Acima de tudo, mostram que somos diferentes, mas isso não é ruim, pois o que de fato importa são os valores que carregamos no íntimo. E assim quebram-se preconceitos... E sem alarde e sem armas de guerra...  
Isto se chama Fraternidade. Em silêncio e de forma simples, os Guias da Umbanda nos ensinam e auxiliam muito mais do que podemos imaginar, porque nos revelam que somos parte de uma única “raça”: a Raça Universal dos Filhos de Deus... 
Salve os Baianos! Salve a Bahia de Todos os Santos!

Nomes simbólicos:  
Alguns Baianos: Simão do Bonfim, Januário, Zé do Ouro, Juvêncio, Juvenal, Mané Baiano, Zé Baiano, Zé da Estrada, Zé da Estrada e dos Trilhos, Zé Tenório, Zé do Côco, Zé Pereira, Zeca do Côco, Zé Pretinho, Zézinho Baiano, Baiano dos Sete Cocos, Chico Baiano, Serafim, João Baiano, Severino da Bahia, Joaquim Baiano, Zé da Lua, João do Coqueiro, Zé do Berimbau, Zé do Prado. 
Dentro desta Linha, em algumas Casas  também se manifesta a Entidade Zé Pelintra (que em outros Terreiros vem na Linha de Malandros, ou mesmo na Linha de Esquerda, pois é um Espírito que tem peculiaridades e acesso a vários graus vibratórios). 
Alguns nomes simbólicos de Baianas: Maria do Balaio, Rosa Baiana, Baiana da Estrada, Maria Fulô, Januária, Maria (ou Baiana) do Rosário, Quitéria, Raimunda, Jacinta, Juvência, Baiana da Palmeira, Maria Baiana, Baiana da Praia, Maria da Cruz, Baiana Rosalva, Maria dos Anjos, Baiana dos Sete Nós, Baiana dos Cocos, Maria Mulata, Chica Baiana, Maria das Candeias, Maria dos Remédios. ( Por Jorge Scritori).

Dia da semanaA terça-feira, devido a sua sinergia com o Orixá Ogum. 
 Linha de trabalho (campo de atuação): Movimentar, direcionar, reordenar; despertar a alegria de viver; limpeza e reequilíbrio energético; corte de magias negativas. 
 Ponto de ForçaAo pé de coqueiros e nas pedreiras 
 Cores preferenciais: Amarelo, branco e vermelho. 
 Elementos de trabalho: Fitas, linhas, pembas, búzios, sementes, ervas, pimentas e pedras. 
Sementes: Olho de boi, olho de cabra e coquinho. 
Alimentos:  Coco; cocada; farofa com carne seca; melado; rapadura; grãos.   
Colares: Feitos de coquinhos, ou então de contas de porcelana ou de cristal (geralmente nas cores amarela, branca e preta), podendo conter sementes (olho de boi e de cabra) e/ou búzios.  
 Líquidos que costumam manipular nos trabalhos: Água de coco, água do mar.
 Frutas: Variadas, tais como: coco verde, coco seco.
 Bebidas: Água de coco;  batida de coco; aguardente; água de coco misturada com um pouquinho de pinga, mel e canela.  
 Flores: Girassol; cravo; palmas e rosas amarelas e vermelhas; açucena; primavera; gérberas amarelas e vermelhas; flores do campo e flores amarelas e vermelhas em geral. 

A LINHA DOS BAIANOS 
Fonte: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Sacarceni, Madras Editora, 2007, páginas 103/105. 
Nos Cultos de Nação ou Candomblé existe um culto fechado denominado culto a Egungun, que tem poucos adeptos e seu interior não é revelado, pois tudo é secreto e as proibições, se quebradas, acarretam “quizilas” terríveis aos seus inconfidentes. [Inconfidentes= os que não são fiéis.] 
No Brasil, o culto a Egungun é restrito a algumas sociedades antigas e que preservaram o que foi possível do culto que existia na África. 
Egun é uma palavra da língua Yorubá que significa espírito. 
Egungun é o conjunto dos ancestrais. E o culto a Egungun é o culto aos espíritos. [V. “As Religiões do Rio”, páginas 68/75.] 
O culto a Egungun é um ritual mais elaborado do tradicional culto aos ancestrais, praticado por todos os povos em todos os tempos.
A Bíblia judaico-cristã fala do culto aos ancestrais e das pessoas dotadas de dons mediúnicos (os “profetas”); na Roma antiga os “deuses lares” eram os protetores das famílias, que cultuavam seus antepassados e buscavam nos seus membros de maior destaque, já falecidos, a inspiração para as mais variadas dificuldades; os orientais (chineses, japoneses, etc.) cultuam seus ancestrais e têm ritos específicos para agradá-los, atraí-los e deles receberem amparo espiritual.
O espiritismo kardecista está fundamentado no culto aos mortos, pois Jesus Cristo foi um homem que viveu na Terra há dois mil anos; e os espíritos que se comunicam também já viveram na terra.
O próprio Cristianismo é um culto aos mortos, pois seu fundador, Jesus Cristo, é um espírito; e o culto aos santos confirma nossas afirmações.
A Umbanda não foge à regra: cultua Deus e venera seus antepassados ilustres, devotando-lhes respeito e uma reverência religiosa, pois sem a existência do antepassado nós não existiríamos.
O culto aos antepassados é tão forte e tão poderoso que a presença deles na forma de heróis nacionais exalta o patriotismo que sustenta os brios de uma Nação.
Zumbi dos Palmares lutou contra a escravidão e a supremacia dos europeus, atraindo o apôio dos nativos brasileiros em sua luta por liberdade.
Tiradentes nos remete ao exercício do livre arbítrio, ao direito de nos guiarmos.
Dom Pedro I nos trouxe a tão almejada independência.
A Princesa Isabel sacramentou o anseio de milhões de brasileiros de verem livres da escravidão os africanos e seus descendentes.
O Marechal Hermes da Fonseca sacramentou a República e concedeu a todos o direito de se
apresentarem como pretendentes a cargos de direção ou políticos, quebrando a        espinha
dorsal do regime imperial.
Lampião lutou contra o coronelismo nordestino.
Zé Pelintra foi um grande mestre de Catimbó, juremeiro e rezador dos bons!
Enfim, os antepassados são importantes e são nossa memória!
Eis aí o que justifica e fundamenta o arquétipo adotado para a linha dos Baianos da Umbanda: o culto aos antepassados ou a Egungun.
Só que, na Umbanda, os “eguns” [=espíritos dos antepassados] se mostram como lhes foi determinado. Uns são espíritos de índios. Outros são espíritos de velhos benzedores negros que misturavam rezas a Jesus Cristo e aos santos com o culto às divindades africanas.
Quanto aos Baianos da Umbanda, o arquétipo é o do tradicional “pai e mãe de santo da Bahia”, mas não só de lá, e sim, de todos os recantos do país.
Afinal, assim como o Espiritismo, o Candomblé e todas as outras religiões cultuam seus ancestrais ilustres em todos os campos das atividades humanas, qual é o problema em se cultuar na Umbanda a figura alegre, curiosa, intrometida e extrovertida dos sacerdotes dos Orixás na Bahia de todos os Santos?
O arquétipo dos Baianos da Umbanda foi criado justamente em cima daqueles que melhor sustentaram e popularizaram o culto aos Orixás no Brasil.
Esses espíritos já tinham a “intimidade” com os Orixás, suas magias, suas rezas, suas quizilas, seus feitiços etc., e foram homenageados com uma Linha de Trabalho só para eles, por meio da qual podem auxiliar os encarnados, dando continuidade aos que já faziam quando viveram na Terra. 
A Umbanda é, tal como o Espiritismo, um culto fundamentado no culto aos antepassados e é um culto a Egungun mais elaborado e totalmente aberto.
O que é oculto são os nomes dos espíritos que incorporam: Zé do Coco, Maria Bonita, Lampião, Zé Pelintra, Corisco, Zé da Bahia, etc.
São nomes que, na Umbanda, englobam várias correntes espirituais formadas por sacerdotes, mestres e rezadores nordestinos.
Quinhentos anos [da história do Brasil] é muito tempo e no astral cristalizou-se toda uma plêiade de espíritos fortes, aguerridos e capazes de proezas dignas dos grandes heróis nacionais.
Só que, nas Linhas de Umbanda, se manifestam os heróis desconhecidos, englobados em arquétipos fortes porque são espíritos que, quando na Terra e encarnados, dedicaram suas vidas no anônimo trabalho de consolar e amparar os aflitos e os desesperançados.
A Linha dos Baianos é essa Linha: a dos heróis anônimos que sustentaram o culto aos Orixás e o semearam primeiro em solo baiano e, posteriormente, no resto do Brasil e, com a Umbanda organizada, o levarão ao mundo.
Saravá os Baianos!!!
Axé


Linha de Baianos - Parte 1



Sim, quero saudar todo o Povo da Bahia e dizer que ainda não conheci forma mais espetacular de trabalhar como a deles. Talvez por ser a Bahia o território mais colorido do Brasil ou quem sabe por representarem a Umbanda no seu prisma mais puro contextualizado pelo seu poder universalista.
Os Caboclos que se manifestam na Umbanda homenageiam o guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza e corajoso; os Pretos Velhos manifestam sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da África; os Erês (Crianças na Umbanda) nos remetem a pureza e a importância de despertá-la em nosso íntimo; já os Baianos, riem, brincam, seduzem, provocam, olham e agem diretamente no âmago do “problema” mostrando que o que falta para nós, para solucionarmos as dificuldades da nossa vida, é encanto, paixão e alegria. É saber que com alguns requebrados tudo se ajeita, tudo se encaixa e melhora.
São bons conhecedores da Magia, assim, agem potencialmente nas magias negativas, pontualmente nos descarregos e sutilmente nas depressões, baixas estimas e amarguras sempre afirmando que “ainda vale a pena”. Aliás, já pararam para pensar na importância dessas palavras, na força dessa afirmativa e no poder de transformação que essa certeza provoca em nosso íntimo? Já perceberam quantas e quantas vezes as dezenas de Zés e Marias, com seus chapéus de couro, flores nos cabelos e em meio aos remelexos da vida, afirmam para nós que “ainda vale a pena”, que “ainda vale há tempo”, que“ainda é possível”?
Recordo agora de um pequeno trecho da música ‘Querido Diário’ de Chico Buarque de Holanda que diz:“Hoje o inimigo veio me espreitar; Armou tocaia lá na curva do rio; Trouxe um porrete a mó de me quebrar; Mas eu não quebro porque sou macio, viu”. Grandioso, não é mesmo?!!! Puro gingado, vicissitude e sabedoria. Puro Axé da Bahia!!!
Mas o Povo da Bahia, como carinhosamente gosto de chamar essa falange manifestadora de Oxalá, é mais ainda.
É mandinga, patuá, laço e fita.
É coco, palha, saia e graça.
É olhar profundo, suspiro forte e macumba certa.
Tudo misturado e verbalizado no “vixe”.
Tudo fundido e dito no “oche”.
Sem milonga pra falar e com muita mironga no olhar o Povo da Bahia não nos deixa penar. No entanto, penamos SIM, quando é para nos agraciar.
Não tem como reclamar.
Zé, Maria, Bastião, Lampião, Severino, Quitéria, Juvência, Jacinta, Mané,  Joaquim, João e qualquer outro de bom coração, o coco, a cachaça, o mel, a cor, o amor e a esperança estão aqui. Aqui no meu altar saudando teu AXÉ.
Cruzados ou não cruzados, na direita ou na esquerda, na umbanda ou na quimbanda, meu reconhecimento e agradecimento.  Sempre com licença, permissão e missão meu olhar está firmado no Seu, assim, é só piscar, sorrir ou firmar que eu estarei aí, no Seu Altar.
Altar de Nosso Senhor como Filha de São Salvador!
E para aqueles que ainda não sabem o que são os “baianos e baianas na Umbanda”, como Eles agem ou o que provocam em nós, leiam, assistam e sintam a música “Falsa Baiana” de Geraldo Pereira interpretada por Mariene de Castro e tirem suas próprias conclusões.
Tenho certeza que muitos ficaram com “água na boca”… ahhhh….
Salve, Salve todo o Povo da Bahia!
Salve seu Zé!
SALVE todos nós, todos juntos, todos que entram no samba e afirmam: 
“Sou filho de São Salvador”
(Por Monica Caraccio)