terça-feira, 7 de outubro de 2014

Linha de Baianos - Parte 1



Sim, quero saudar todo o Povo da Bahia e dizer que ainda não conheci forma mais espetacular de trabalhar como a deles. Talvez por ser a Bahia o território mais colorido do Brasil ou quem sabe por representarem a Umbanda no seu prisma mais puro contextualizado pelo seu poder universalista.
Os Caboclos que se manifestam na Umbanda homenageiam o guerreiro nativo e forte, conhecedor da Natureza e corajoso; os Pretos Velhos manifestam sabedoria, paciência, bondade e humildade dos anciãos que vieram da África; os Erês (Crianças na Umbanda) nos remetem a pureza e a importância de despertá-la em nosso íntimo; já os Baianos, riem, brincam, seduzem, provocam, olham e agem diretamente no âmago do “problema” mostrando que o que falta para nós, para solucionarmos as dificuldades da nossa vida, é encanto, paixão e alegria. É saber que com alguns requebrados tudo se ajeita, tudo se encaixa e melhora.
São bons conhecedores da Magia, assim, agem potencialmente nas magias negativas, pontualmente nos descarregos e sutilmente nas depressões, baixas estimas e amarguras sempre afirmando que “ainda vale a pena”. Aliás, já pararam para pensar na importância dessas palavras, na força dessa afirmativa e no poder de transformação que essa certeza provoca em nosso íntimo? Já perceberam quantas e quantas vezes as dezenas de Zés e Marias, com seus chapéus de couro, flores nos cabelos e em meio aos remelexos da vida, afirmam para nós que “ainda vale a pena”, que “ainda vale há tempo”, que“ainda é possível”?
Recordo agora de um pequeno trecho da música ‘Querido Diário’ de Chico Buarque de Holanda que diz:“Hoje o inimigo veio me espreitar; Armou tocaia lá na curva do rio; Trouxe um porrete a mó de me quebrar; Mas eu não quebro porque sou macio, viu”. Grandioso, não é mesmo?!!! Puro gingado, vicissitude e sabedoria. Puro Axé da Bahia!!!
Mas o Povo da Bahia, como carinhosamente gosto de chamar essa falange manifestadora de Oxalá, é mais ainda.
É mandinga, patuá, laço e fita.
É coco, palha, saia e graça.
É olhar profundo, suspiro forte e macumba certa.
Tudo misturado e verbalizado no “vixe”.
Tudo fundido e dito no “oche”.
Sem milonga pra falar e com muita mironga no olhar o Povo da Bahia não nos deixa penar. No entanto, penamos SIM, quando é para nos agraciar.
Não tem como reclamar.
Zé, Maria, Bastião, Lampião, Severino, Quitéria, Juvência, Jacinta, Mané,  Joaquim, João e qualquer outro de bom coração, o coco, a cachaça, o mel, a cor, o amor e a esperança estão aqui. Aqui no meu altar saudando teu AXÉ.
Cruzados ou não cruzados, na direita ou na esquerda, na umbanda ou na quimbanda, meu reconhecimento e agradecimento.  Sempre com licença, permissão e missão meu olhar está firmado no Seu, assim, é só piscar, sorrir ou firmar que eu estarei aí, no Seu Altar.
Altar de Nosso Senhor como Filha de São Salvador!
E para aqueles que ainda não sabem o que são os “baianos e baianas na Umbanda”, como Eles agem ou o que provocam em nós, leiam, assistam e sintam a música “Falsa Baiana” de Geraldo Pereira interpretada por Mariene de Castro e tirem suas próprias conclusões.
Tenho certeza que muitos ficaram com “água na boca”… ahhhh….
Salve, Salve todo o Povo da Bahia!
Salve seu Zé!
SALVE todos nós, todos juntos, todos que entram no samba e afirmam: 
“Sou filho de São Salvador”
(Por Monica Caraccio)

Nenhum comentário:

Postar um comentário